Louis van Gaal não deixa de ser ácido mesmo quando seu time ganha, caso desta segunda-feira na Arena Corinthians, em São Paulo, onde a Holanda bateu o Chile por 2 a 0. O técnico voltou a reclamar da arbitragem nos dois primeiros jogos da seleção laranja na Copa do Mundo, deu conselho à Fifa e ainda interpelou um jornalista após o mesmo questioná-lo sobre o esquema com cinco homens na linha defensiva.
Primeira pergunta: "A Holanda vai ser campeã do mundo?". O técnico de 62 anos para, pensa e não perde a oportunidade de ser irônico. "Acho que temos que esperar para ver, se não me engano", diz, referindo-se ao fato de sequer saber qual será o adversario das oitavas de final.
Na sequência, começa, de novo, a mostrar sua ira contra a arbitragem - já o havia feito após os jogos contra Espanha e Austrália. "Tudo depende de fatores tão diferentes, uma seleção e um técnico nem sempre controlam todos os elementos, enfrentamos dois pênaltis injustos e que poderiam ter custado até a eliminação", afirmou.
"Hoje vimos um juiz maravilhoso", amenizou, referindo-se ao juiz Bakary Gassama, de Gãmbia, que apitou a partida diante do Chile.
Avaliação da arbitragem no geral ou específica? "Na realidade, estou apenas olhando os fatos... Estou no banco de reservas, às vezes abaixo do chão, e consigo ver que não foi pênalti, ver cartões amarelos que não deveriam ser dados, Van Persie recebeu um que não deveria", continuou.
Os pênaltis aos quais Van Gaal se refere são os marcados diante de Espanha, em lance de De Vrij com Diego Costa, e Austrália, para ele, uma bola na mão, não ao contrário.
"Nós fomos ensinados a seguir as regras da Fifa, bola na mão não é penalti. Árbitros precisam ser avaliados, a imprensa tem que avaliar os jogadores, mas também a arbitragem. É isso que eu faço com meus jogadores, se não têm bom desempenho, no póximo jogo eu vou escolher outro jogador. E foram dois erros contra a Holanda em duas situações, isso é estranho", disparou, mosrando como a entidade que rege o futebol mundial deve lidar com os juízes.
E quando um jornalista holandês perguntou por que a Holanda havia jogado na defesa contra o Chile, o que era ironia virou irritação.
"Já que você entende tanto de futebol, por favor me diga você como é que se arma um time ofensivo. Estou te dando a palavra, você pode me responder por favor?", disse Van Gaal.
"Não estou criticando, apenas dizendo que você usou uma linha com cinco jogadores na defesa", afirmou o jornalista.
Van Gaal, então, seguiu. "Mena e Isla também fizeram isso, também recuaram", afirmou, referindo-se aos dois alas chilenos. "Eles são os laterais da direita e da esquerda, vocês não viram isso?", continuou o holandês.
"Se olharem meu currículo, verão que ganho muitos jogos, isto não é novidade", prosseguiu o comandante da Holanda, claramente irritado.
Outro jornalista holandês, então, ganhou o microfone e fez nova pergunta sobre o mesmo assunto, a linha de cinco jogadores atrás. "Vou fazer a pergunta de maneira positiva, espero que você entenda. Nós queremos saber sobre o esquema porque você está chegando longe com um sistema diferente [do que costuma usar]."
Van Gaal respondeu.
"Temos que permitir que a seleção jogue de acordo com seus jogadores e suas características. Se eu jogasse no 4-3-3, o Robben e o Lens ficariam o tempo todo correndo atrás do Isla e do Mena. É isso o que você queria? Quanto ao estilo, o que eu quero dizer é que sempre na minha vida vou querer fazer um gol a mais que o adversário, não é a primeira vez que eu digo isso, não é novidade alguma."
"Você precisa desenvolver uma estratégia na qual seu time ganhe, e estamos fazendo isso. Se não fosse o caso, vocês já teriam cortado a minha cabeça fora. Jogávamos assim no AZ [clube holandês que treinou entre 2005 e 2009], tem tudo a ver com a qualidade dos seus jogadores, não com o fato de jogar defensivamente ou ofensivamente", finalizou.
Fim do show, Van Gaal deixa a sala da coletiva por uma porta lateral esperando para saber qual será o rival das oitavas de final, a sair do grupo A, entre Brasil, Croácia e México. O duelo será no próximo domingo, dia 29, às 13h, no Castelão, em Fortaleza.
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