Apesar do sucesso em campo, Atlético de Madri passa por forte crise financeira

O Atlético de Madrid é a sensação da Europa no momento. A aguerrida equipe de Diego Simeone não possui nenhuma grande estrela, mas chegou a final da Champions League desbancando Barcelona e Chelsea. Mas financeiramente, a equipe não mostra o mesmo sucesso. O último balanço financeiro da equipe apontou uma dívida de 543 milhões de euros (cerca de 1,65 bilhões de reais).



O Atlético atrasou 37 por cento dos pagamentos a seus fornecedores na temporada passada. O CEO do time madrilhenho, Miguel Ángel Gil, disse que os bancos não espanhóis não forneceram empréstimos ao clube durante a crise européia. Isso fez com que a equipe precisasse pedir ajuda a investidores do Azerbaijão, Cazaquistão e EUA para financiar contratações de alguns jogadores, como o brasileiro naturalizado espanhol Diego Costa.

Atlético de Madrid exibe uma logomarca do Estado Azere em sua camisa

Com as finanças combalidas, a situação esportiva do clube soa como um milagre. O fato da equipe ser competitiva no primeiro escalão europeu torna o feito de Simeone e sua equipe ainda mais notável. Segundo José Luis Sánchez, presidente do Señales de Humo, um grupo de torcedores tentou tirar Gil do controle do clube. O atual CEO herdou a participação de seu pai.

"O time foi comprado barato. A atitude de Simeone tem sido a de dizer: é isso que eu tenho, então é com isso que eu vou", garantiu Sánchez.

A final da Champions League reúne o 'Atleti', como é conhecido por sua torcida com seu maior rival, o gigante Real Madrid, recordista de títulos do torneio, com nove troféus. No dia 24 de maio, em Lisboa, a situação financeira dos 'Colchoneros' traz mais uma dicotomia: os "ricos" contra os "pobres".

O fluxo de caixa da equipe representa 5% da sua dívida de 543 milhões de euros. O Atlético já era o clube com a pior situação financeira dentre os oito que chegaram às quartas de final da Liga dos Campeões, segundo José Maria Gay, professor de contabilidade da Universidade de Barcelona.

"O problema do Atlético é crônico. Eles precisam pagar dívidas o tempo todo", disse Gay.

O pagamento de dívidas é algo que atormenta o Atlético de Madrid. O clube tenta liquidar 80 milhões de euros em dívidas fiscais, com juros anuais de 4,5% a uma taxa de 15 milhões de euros por ano, segundo Gil. Para tentar levantar dinheiro, Gil disse que usou uma casa nos arredores de Madri como garantiua. Hipotecando imóveis próprios, Gil e o presidente Enrique Cerezo - segundo maior acionista da equipe - levantaram 510 mil euros.

A perspectiva está melhorando com os planos de mudar do Vicente Calderón para uma nova arena em 2016. A equipe pretende arrecadar mais com as vendas em dias de jogos, além de estacionamentos e hospitalidade corporativa. A direção estima um aumento de 66%. O movimento teve custo líquido "zero" para o clube, segundo Gil. A Fomento de Construcciones y Contratas SA está construindo o novo estádio. Em troca, ficará com o local onde hoje é a arena da equipe. 

Sánchez diz que Gil e Cerezo aumentaram de forma ilegal seu controle sobre o clube. Isso ocorreu com um aumento de capital acionário em 2003, uma acusação confirmada por uma decisão da Corte Suprema da Espanha em fevereiro. O fato não causa efeito imediato sobre a propriedade do clube.

Mas com a temporada sensacional da equipe, que pode acabar campeã espanhola e europeia, ninguém está preocupado com isso. Sánchez garantiu que a preocupação dos torcedores e da opinião pública com o caso é zero no momento.

A maioria dos jogadores que disputará a final da Champions League como titular estava em campo na vexatória eliminação da equipe pelo Albacete, na Copa do Rei, em dezembro de 2011. Diego Simeone sequer havia sido contratado para substituir Gregorio Manzano. Nessa época, o Atlético estava em 10º lugar no Campeonato Espanhol. O que faz Sánchez recorrer à fé:

"Esta temporada é uma espécie de milagre", disse ele.